O fantasma de uma pulga

O Fantasma de uma Pulga (The Ghost of a Flea) é uma pintura em têmpera misturada com ouro em painel de mogno concebida pelo poeta e pintor inglês William Blake, que se encontra hoje no Tate Gallery, em Londres. Concluída entre 1819 e 1820, a pintura forma uma parte da série de trabalhos chamados de "Visionary Heads" encomendadas pelo astrologista John Varley (1788–1842).
Num tamanho de 214 × 162 mm (pintura) e 382 × 324 × 50 mm (moldura), a obra é considerada muito mais do que uma miniatura: Segundo alguns estudiosos e autores, seu tamanho minúsculo cria um drama de escala no contraste entre a aparente massa muscular da criatura e sua potência física contra sua aparente encarnação de um inseto nos olhos do espectador. Tanto em sua obra poética como em sua obra em pintura, Blake frequentemente deu personalidade e forma humana a coisas abstratas (como o tempo, a morte, a peste e a fome). As pulgas são associadas a sujeira e a degradação, e nessa obra Blake procurou ampliar, de acordo com um artigo do New York Times de 1910, "uma criatura monstruosa cujo instinto sanguinário foi impresso em cada detalhe de sua aparência, com 'olhos faiscantes e uma 'face digna de um assassino'." A pulga, musculosa e nua, é retratada com a língua para fora, apontando-a para uma tigela de sangue. Em sua mão esquerda ela possui uma bola e, na sua mão direita, um espinho. Parte humana, parte réptil e parte besta, avança da direita para a esquerda entre as cortinas, seu enorme pescoço é semelhante a de um touro e sustenta uma cabeça desproporcionalmente pequena, marcada por olhos brilhantes e lábios abertos, além de uma língua rachada e peçonhenta. De acordo com o crítico de arte Jonathan Jones, a pulga está retratada como um "demônio gótico, grotesco, dentro de um palco com cortinas estreladas." O Fantasma de uma Pulga é diferenciado pela utilização inovadora de uma folha de ouro: debaixo de algumas pregas da cortina, da carne da pulga e das estrelas brilhantes, Blake colocou uma película fina de um ouro branco. Blake então usou uma escova de cor muito minuciosa de ouro em pó usando uma folha fina feita em tinta. No verso do painel encontra-se escrito: "A visão do espírito que habita o corpo de uma pulga, e que apareceu de tarde para Mr. Blake […]" Blake criou a pintura utilizando a técnica do "afresco" e, por isso, hoje em dia o trabalho está em relativo mal-estado, sendo possível notar nas áreas da superfície alguns rachados e desgastes do tempo.

O Fantasma de uma Pulga 1819-20
Willian Blake
Tate Gallery - Londres

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...