Doré-Purgatório

Canto I

"A bela estrela que ao amor incita
fazia rebrilhar ao longe o oriente,
velando os Peixes, com que ela gravita."

(19/21)

"Meu guia me tomou do braço, ao lado;
e ao gesto seu e frases que dizia,
baixei o olhar, postando-me ajoelhado."

(49/51)
Canto II

"Gritou-me: 'De mãos postas, e ajoelhado!
Chega o anjo de Deus! Nestes arcanos
outras verás iguais maravilhado!'"

(28/30)
"À popa estava o celestial barqueiro,
o bem mostrando no semblante inscrito;
e, dentro, de almas o rebanho inteiro."

(43/5)
Canto III

"À esquerda um grupo vi logo em seguida,
rumando a nós; porém tão lentamente
que sua marcha mal era sentida."

(58/60)
Canto IV

"As paredes da trilha, o exíguo espaço
iam-me quase os flamos lacerando;
e das mãos que me ajudava a cada passo."

(31/3)
"Por detrás, muitas almas, recostadas
à rocha vimos, bem à sombra fria,
lassas, pela indolência dominadas."

(103/5)
Canto V

"'Enorme é a multidão que vem chegando
para falar-te aqui', disse-me o poeta:
'Pressegue, no entanto. Escuta-os, andando.'"

(43/4)
"Então, o Arquiano, o corpo meu silente
tomando à riba, ao Arno o arremessou.
E a cruz desfez, que às mãos eu, penitente..."

(124/6)
"'Recorda-te de mim, que sou a Pia'... "
Canto VII

"'O glória dos Latinos', disse, 'ó mente
que deste à velha língua perfeição,
lustre do berço meu, eternamente... "

(16/8)
"Lá dentro, em meio às flores, entoando
juntas a Salve-Rainha, claramente,
muitas almas eu vi, mais que me achegando."

(82/4)
Canto XIII

"Ao perceber das asas o ruflar,
fugiu a serpe, na revoada,
os açores voltaram, vindo em par."

(106/6)
Canto IX

"Ardiamos os dois, a águia e eu;
e tanto aquele incêndio me abrasava,
que, a seu calor, meu sono se rompeu."

(31/3)
"Umportão divisei, alto e cerrado,
e, em cores, três degraus que a ele subiam:
mais o vulto de um anjo, quedo, ao lado."

(76/8)
Canto X

"E num sítio saindo, livre e aberto,
formado pela escarpa recuada.."

(17/8)
"Em meio à pompa, a pobre parecia
dizer: 'Vinga, Senhor, a morte fera
do filho meu, razão desta agonia."

(82/4)
Canto XII

"Como os dois bois sob o jugo, lado a lado,
íamos, eu e a sombra à carga opressa,
quando pelo meu mestre fui chamado."

(1/3)
"'Ó Aracne, que eu via,por sinal,
em mutação, ao pé da tecelagem,
que belamente urdiste, e foi teu mal!''

(43/5)

Canto XIII
"Estavam como os cegos, quando à frente
vêm do tempo esmolar, na usada cena,
e a fronte um sobre a do outro inclina, rente..."

(61/3)
"Vi alguém, entre os vultos, que mostrava
o jeito de esperar, seguramente,
e, como um cego, o rosto levantava."

(100/2)
Canto XV

"E quando o pobrezinho ao chão tombava,
já prestes a render sua alma aflita,
os olhos para o céu ainda elevava..."

(109/11)
Canto XVI

"Mas tu, quem és, que adentras nossas sendas,
e falas, e te moves cabaleante,
como se ao tempo foras das calendas?"

(25/7)
"O quanto possa, seguir-te-ei, decerto;
e por ser-nos difícil a visão, terei o ouvido à tua voz desperto."

(34/6)
Canto XVIII

"Mas emergi da semi-letargia
pelo rumor, atrás de nós, da gente
que ligeira e gritando ali surgia"

(88/90)
Canto XIX

"'Por que no piso os olhos tens cravados?'
interrogou-me o guia, sempre atento,
mal nos vimos um pouco distanciados."

(52/4)
"'Por que', bradou, 'te quedas ajoelhado?'
'A eminência de vossa posição
não me deixa', tornei-lhe, 'estar alçado.'"

(130/2)
Canto XX

"Movíamos os passos, devagar;
eu ia às sombras, e as ouvia
confusamente lamentar-se e orar."

(16/8)
Canto XXIII

"'Mas dize-me ti, e porque vieste,
e desses dois que ora ao teu lado vejo:
Que o teu mutismo, pois, não me moleste!'"

(52/4)
"E atrás, as sombras, mortas duplamente,
nos olhos cavos iam demonstrando
seu pasmo ao divisar um ser vivente."

(4/6)
Canto XXIV

"O grupo se desfez, desenganado;
acercamo-nos da árvore que assim
se havia a tantos rogos recusado."

(112/4)
Canto XXV

"Estava a penha chamas projetando
por todo o piso, mas o vendo a frente
um pouco as rebatia, um vão deixando."

(112/4)
"'Summae clementiae Deus' - ouvi, do meio
do grande incêndio, o canto se elevar..."

(121/2)
"Vi sombras lentas pela chama o andar:
fitando-as, e meus passos observando,
entre uns e as outras alternava o olhar."

(124/6)
Canto XXXVII

"Em sonho uma mulher me aparecia,
indo no campo, flores a colher;
e cantava, e seu canto assim dizia..."

(97/9)
Canto XXXVIII

"Já tanto ali me havia aprofundado
pela antiga floresta imensa e fria,
que perdera a noção de onde era entrado."

(22/4)
Canto XXXIX

"Vinham sob o docel, de par em par,
vinte e quatro varões, solenemente,
com lírios à cabeça... "

(82/4)
"Bailando, à destra roda, sobre a via,
vinham as três damas."

(121/2)
Canto XXX

"Assim, por entre a profusão das flores,
que ali das angélicas saía... "

(28/9)
Canto XXXI

"Ela me havia ao Letes arrastando,
e à sirga me levava, ágil, disposta,
fendendo as ondas, de um e de outro lado."

(94/6)
Canto XXXII

"A seu lado, em postura de a vigiar,
estava um enormíssimo gigante,
que se curvava para a acariciar."

(151/3)
Canto XXXIII

"Se me restasse espaço, eu te daria
a descrição, leitor, inda que em parte,
da água que ali se bebe e não se sacia."

(136/8)

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